Descoberta pode levar ao desenvolvimento de técnicas para bloquear a proteína
10/02/2012 - A doença de Parkinson é uma doença neurodegenerativa, cujas principais características foram descritas pela primeira vez em 1817, pelo médico inglês James Parkinson. O problema de saúde, que acomete aproximadamente 10 milhões de pessoas — entre elas o ex-lutador de boxe Muhammad Ali e o ator Michael J. Fox — no mundo, tem como sintomas tremores, rigidez muscular e redução da quantidade de movimentos feitos pela pessoa, que se tornam mais lentos.
Pesquisadores do Instituto Gladstone, organização norte-americana sem fins lucrativos de estudos biomédicos, identificaram uma proteína que intensifica os sintomas da doença. Essa descoberta pode levar ao desenvolvimento de novos tratamentos contra o mal, destinados a bloquear a proteína. Isso representa uma nova esperança para quem tem a vida afetada pelos distúrbios motores decorrentes da enfermidade.
A pesquisa, publicada na última semana na edição online da revista científica Neuron, apresenta a proteína RGS4, que ajuda a regular a atividade dos neurônios no estriado (parte do cérebro ligada aos movimentos). Em pessoas com a doença de Parkinson, entretanto, a proteína agiria fazendo o contrário, contribuindo para problemas de controle motor.
—Dissecamos os mecanismos moleculares pelos quais as sinapses (ligações entre os neurônios) mudam sua força de acordo com o estímulo que recebem. Observamos particularmente a reação chamada depressão de longo prazo (LTD), em que as conexões reduzem a intensidade — explicou Talia Lerner, uma das autoras do estudo.
Foram usados dois grupos de ratos, um com a proteína normal e outro geneticamente modificado para não ter a RGS4. Ambos foram tratados com um composto químico que mata os neurônios com dopamina.
Os resultados mostraram que os ratos sem a proteína, mesmo após a morte dos neurônios, se saíram melhor em atividades que requeriam habilidades motoras do que os que estavam com a RGS4 intacta. Os ratos geneticamente modificados conseguiram se movimentar mais livremente em uma área aberta e se saíram muito melhor em um teste de coordenação motora no qual tinham que andar em uma passarela de equilíbrio.
Tratamento
Atualmente, a base do tratamento da doença de Parkinson é o uso de substâncias que estimulam a dopamina no cérebro, como explica o neurologista Hudson Mourão Mesquita, especialista em reabilitação de pacientes com problemas neurológicos.
— Para evitar complicações inerentes à falta de mobilidade, essas pessoas também fazem atividades físicas e fisioterapia. Outra opção é a cirurgia funcional. Infelizmente, todas essas medidas são paliativas, e a doença continua a evoluir — explica.
A expectativa é de que a pesquisa leve ao desenvolvimento de novos tratamentos. Além disso, como o estudo aborda a função do estriado como um todo, os cientistas estimam que ele possa ter impacto na compreensão de outras enfermidades relacionadas, como a doença de Huntington e a distonia. Porém, esse próximo passo ainda não é a cura do problema. O
Parkinson e o Alzheimer são as doenças neurológicas degenerativas mais frequentes na sociedade ocidental e, com o envelhecimento da população, serão a cada dia mais comuns. Por isso, segundo os especialistas qualquer avanço no tratamento terá um impacto muito grande na saúde pública internacional.(segue...) Fonte: Clic RBS.
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